📬 Quando a equipe te recebe mal e você precisa seguir em frente

Não é fácil assumir uma nova liderança quando a equipe te recebe de braços cruzados. Mas a forma como você reage pode transformar o clima pesado em conexão real. Descubra como.

As razões para que um time te receba mal podem ser muitas, mas a sua resposta definirá se isso vai virar um bloqueio ou uma ponte para reconstruir a relação. Nos meus muitos anos de experiência liderando equipes, já vivi momentos em que senti que a equipe não me recebeu como esperava: com uma boa expectativa e aberta à minha contribuição. O balde de água fria quando essa certeza chega é inevitável porque, além de todo o trabalho que você deve entregar, você ainda terá que destinar boa parte do seu tempo e energia para entender o motivo da rejeição e trabalhar para virar esse jogo.

As razões que levam uma equipe a rejeitar uma nova liderança são várias:

Apego à liderança anterior;
Medo de mudanças (ou “síndrome de mudança eterna”);
Exaustão (física e emocional);
Falta de clareza sobre a nova liderança;
Crença de que “nada vai mudar”;
E até mesmo uma expectativa frustrada com o seu perfil.

É nesse ponto que mora o risco (e a oportunidade). A rejeição do time geralmente não tem a ver com quem você é, mas com o que você representa naquele momento de mudança. No entanto, se você não olha para isso e deixa que a tensão cresça, o que começou como resistência ao novo pode virar uma recusa a você mesma. E, nesse cenário, o impacto vai muito além da produtividade: mexe com sua confiança, desgasta suas relações e pode comprometer toda a evolução do time. Por isso, é seu papel perceber que a raiz do problema não é pessoal, mas o caminho para resolver precisa, sim, passar pela forma como você se posiciona e se comunica.

Como escreveu Michael Watkins no livro “Os Primeiros 90 Dias”: “As pessoas não resistem à mudança em si, mas à perda que ela representa.” Essa frase me guia porque me lembra que o desconforto inicial não é sobre mim - é sobre o que a mudança traz para cada um.

O papel da líder: acolhimento e posicionamento

Nesse processo de ganhar confiança, a liderança precisa andar em um fio delicado: escutar sem se perder, decidir sem se isolar. Isso significa equilibrar dois papéis que, à primeira vista, parecem opostos, mas que, juntos, constroem autoridade e respeito.

- Como mostrar que está disposta a ouvir, mas também a decidir?
- Como evitar cair no erro de tentar agradar demais (ceder tudo para ser aceita)?
- Como manter autoridade sem parecer insensível ou invasiva?

Um cuidado importante: quando a equipe está resistente, é tentador tentar agradar para conquistar. Mas esse esforço exagerado para ser “querida” muitas vezes joga no ralo a autoridade que você precisa para liderar. E o que começou como busca por conexão acaba te transformando numa líder refém do humor do time.

Postura e comunicação: o que faz diferença?

Quando o clima do time parece pesado, a postura da líder faz toda a diferença. Não basta só escutar ou só decidir, é preciso mostrar clareza nas intenções e, ao mesmo tempo, saber que esse peso inicial não é culpa pessoal. Comunicar com consistência e propósito é o que vai desenhar a confiança que ainda falta.

• A importância de não absorver o ressentimento como culpa pessoal;

• A diferença entre ser acolhedora e ser refém do clima;

• Comunicação transparente: dizer por que veio, o que espera e como quer ajudar;

• Mostrar consistência (não só discursos ou promessas vazias).

Passos práticos para virar o jogo

Veja um mini guia que poderia ser estruturado, por exemplo:

1) Chegue com humildade, mas com clareza;
2) Escute ativamente (não assuma que entende tudo ainda);
3) Compartilhe suas intenções e valores (por que você está ali?);
4) Reconheça o que já existe de bom no time (não “chegue destruindo”);
5) Estabeleça pequenos acordos e vitórias visíveis;
6) Mantenha constância: mostre que você não vai “desistir” deles.

O que evitar como líder nesses momentos

• Se fechar e virar uma “fortaleza”;

• Assumir o papel de “salvadora” que resolve tudo sozinha;

• Mudar tudo de forma brusca, sem escuta ou sem propósito;

• Cair no discurso de “não é comigo” ou “não vou comprar essa briga”.

Vínculo e confiança não surgem de uma vez

Confiança não se constrói em um dia e muito menos com uma só conversa. Ela nasce do somatório de pequenas ações que mostram ao time que, mesmo quando o cenário é desafiador, você está ali para caminhar junto. São gestos simples, consistência na palavra e transparência nos processos que, dia após dia, criam a base onde o time se apoia para crescer.

- Consistência e transparência;
- Pequenos gestos que mostram cuidado (não só grandes discursos);
- Entender que confiança não é “tática”, é relação.

No fim das contas, o time não espera que você chegue com todas as respostas. Espera que você chegue inteira. Espera que tenha coragem para não se curvar ao desânimo e clareza para não se perder tentando agradar. Liderar, nesses momentos, é segurar o desconforto inicial e transformá-lo, com paciência e intenção, em respeito e construção.

Com amor,
Andresa 🍀