📬 Quanto mais sênior, menos elogios e mais automotivação
À medida que avançamos na carreira, menos feedbacks positivos recebemos e mais precisamos buscar dentro de nós o combustível necessário para seguir em frente. Mas você sabe como se automotivar?
No começo da trajetória profissional, cada conquista parece ecoar: feedbacks positivos, prêmios, olhares de admiração. Mas, à medida que assumimos papéis mais estratégicos, as coisas mudam. O reconhecimento se torna mais sutil (ou simplesmente mais raro). E essa é uma transição natural e necessária da liderança. Porque quanto mais sênior você se torna, menos tapinhas nas costas você recebe. E menos dependente deles você precisa ser.
Na liderança, a verdadeira motivação precisa vir de dentro. É sobre saber o que te move, mesmo quando ninguém está olhando.
Minha experiência com a automotivação
Ao longo da minha trajetória na liderança, aprendi uma coisa: ter um propósito claro e estar trabalhando conectada a esse propósito me sustentou em momentos bons e, principalmente, nos desafiadores.
Sempre busquei estar em empresas e/ou projetos que refletissem meus valores pessoais. E, ainda mais importante: sempre soube que, no fim, eu trabalhava para mim, mesmo sendo funcionária. É que cada projeto entregue, cada resultado alcançado, cada desafio superado… tudo isso era construção da minha própria história. Experiências que enriqueceriam meu currículo, fortaleceriam minha carreira e moldariam quem eu estava me tornando como líder.
Essa perspectiva foi e ainda é o que me mantém motivada. Mesmo nos dias em que tudo parece mais difícil. E é sobre construir essa base sólida que quero conversar com você hoje.
A teoria por trás da automotivação
Segundo a Teoria da Autodeterminação, desenvolvida por Edward Deci e Richard Ryan, a motivação mais duradoura nasce de três elementos:
1 - Autonomia
A sensação de que estamos no controle das nossas próprias ações. É sentir que escolhemos o que fazemos, não que somos apenas obedientes a ordens. Quando sentimos autonomia, somos mais criativos, resilientes e engajados.
Exemplo prático: Ter liberdade para escolher a abordagem de um projeto aumenta a motivação mais do que apenas receber instruções.
2 - Competência
A percepção de que somos capazes de realizar tarefas e enfrentar desafios. Sentir que estamos evoluindo, dominando habilidades, melhorando. A competência gera sensação de progresso e confiança.
Exemplo prático: Receber feedbacks construtivos e perceber evolução nas entregas fortalece o desejo de continuar se empenhando.
3 - Conexão (Relacionamento)
O sentimento de que pertencemos e temos relações significativas no ambiente de trabalho. Somos seres sociais: sentir apoio, respeito e pertencimento alimenta a motivação natural.
Exemplo prático: Trabalhar com líderes e colegas que confiam em você engaja muito mais do que apenas receber bônus financeiros.
Em outras palavras: o que realmente nos mantém firmes é fazer algo que faz sentido para nós. Curiosamente (ou talvez não tão curiosamente assim), foi exatamente isso que descobri na prática: identificar meu propósito e enxergar cada entrega como parte da minha história pessoal foi, e continua sendo, minha principal ferramenta de automotivação. Uma descoberta que hoje vejo validada também pela teoria.
E tem mais: uma pesquisa da McKinsey (2022) mostra que ambientes que estimulam propósito e autonomia aumentam em até 2,4 vezes a retenção de talentos.
O que sabota sua automotivação sem você perceber?
Se você sente que a chama está apagando, talvez esteja caindo em algumas armadilhas comuns. Olhe com carinho para esses sinais:
Esperar reconhecimento constante para se sentir válida
Se comparar excessivamente com outros líderes
Trabalhar desconectada do seu propósito pessoal
Ignorar suas pequenas conquistas do dia a dia
Deixar a visão maior se perder no excesso de urgências
Reconhecer essas armadilhas já é um passo importante para recuperar o controle sobre a sua energia.
E o que fortalece sua fonte interna de motivação?
Aqui vão caminhos que me ajudam e que podem te ajudar também:
Revisitar seus valores e metas pessoais de tempos em tempos;
Celebrar as vitórias silenciosas (aquelas que só você sabe o quanto custaram);
Conectar até as tarefas mais operacionais ao impacto que geram;
Se lembrar, todos os dias, que você está construindo sua própria história — não apenas a história da empresa;
Criar redes de apoio sinceras, onde exista troca verdadeira e reconhecimento genuíno.
Vamos juntas mapear o que te move?
Respira fundo. Agora é a hora de olhar para dentro — sem pressa e sem julgamentos.
Pense comigo:
1. O que te faz sentir mais viva no trabalho? Quais tipos de projeto ou atividade te empolgam de verdade? Quando você sente que o tempo “voa” no que está fazendo?
2. Quais valores são inegociáveis para você? O que precisa estar presente para que você se orgulhe do trabalho que entrega? Que tipo de cultura ou ambiente te faz querer dar o seu melhor?
3. O que você quer construir para si mesma? Que experiências, aprendizados e marcas você quer carregar daqui a 5 anos? Se tudo desse certo, qual seria a história que você gostaria de contar sobre sua trajetória?
4. Em quais momentos você se sentiu mais motivada na carreira? O que essas fases tinham em comum? Tente identificar padrões: tipo de projeto, nível de autonomia, impacto gerado…
5. Qual é o seu propósito além do cargo ou da empresa? Se amanhã você mudasse de empresa, qual causa ou missão continuaria te movendo?
Anote suas respostas. Crie um quadro ou uma lista visível para você. Em fases difíceis, voltar para esse mapeamento pode ser o que vai te lembrar por que vale a pena continuar.
Torne visíveis as suas conquistas
Se o que te motiva é perceber o resultado do que faz, como fugir da sensação de que não está construindo nada relevante? A resposta é simples e poderosa: mapeando suas próprias entregas. Além de fortalecer sua automotivação, esse exercício também te ajuda a perceber se está focando sua energia nos projetos certos.
Vamos juntas montar esse plano?
Plano de automotivação a partir das suas próprias entregas:
1. Problema ou oportunidade
Descreva qual era o desafio ou oportunidade que enfrentou. O que precisava ser resolvido? Qual era o contexto?
2. Ação
O que você fez? Quais foram as etapas? Quais obstáculos precisou superar?
3. Resultados
Que mudanças concretas aconteceram por causa do seu trabalho? Consegue medir? (Resultados, melhorias, impactos?)
4. Resumo pessoal
Conte essa história em um parágrafo. Mostre com orgulho como você fez diferença.
Dica prática: mantenha esse histórico vivo. Revisite-o. Atualize. Use-o para lembrar quem você já é e o que ainda pode construir.
Uma liderança que inspira começa com uma liderança que se inspira
O mercado valoriza líderes que inspiram times. Mas líderes que sabem se inspirar todos os dias, mesmo sem aplausos, constroem algo ainda maior: uma carreira que é reflexo dos seus próprios valores, uma liderança que pulsa propósito.
Hoje, te convido a se perguntar: qual é o combustível que você escolhe carregar para sua própria jornada?
Com amor,
Andresa 🍀