Síndrome da Impostora: como parar de duvidar do seu trabalho e agir com confiança 📬
O que está por trás da sensação de que você não passa de uma fraude, apesar do seu alto desempenho profissional? Conheça sobre a síndrome que atinge mulheres no mundo todo e saiba como superá-la.
A Síndrome da Impostora é uma desordem psicológica que, apesar de não ser classificada como doença mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um fenômeno em que indivíduos capacitados sentem-se como uma fraude, acreditando que não merecem o sucesso que alcançaram e temendo ser "descobertos" a qualquer momento. Apesar das evidências de suas competências, essas pessoas atribuem suas conquistas a fatores externos, como sorte ou circunstâncias, e não ao próprio mérito.
Recentemente, precisei trabalhar no meu histórico profissional e, assim que me vi diante do documento em branco para escrever sobre minhas entregas, tive a sensação de que não tinha feito nada. NA-DA!
Mas como isso seria possível em 23 anos de uma carreira crescente, cheia de reconhecimentos por parte de líderes muito competentes?
O exercício de relembrar, escrever, buscar informações do passado, resgatar relatórios e documentos me mostraram que tenho uma carreira rica e coerente e pensar qualquer coisa que seja o contrário disso é subestimar minhas habilidades e me entregar à autossabotagem.
Então, antes de avançarmos no tema já te deixo aqui a primeira das 7 dicas que você vai encontrar no final dessa newsletter para te ajudar a superar esse sentimento:
Sua insegurança diminui quando você olha para as suas evidências: suas entregas/seu currículo.
Origem do termo
O conceito foi introduzido em 1978 pelas psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes no artigo “O fenômeno do Impostor em mulheres bem sucedidas: dinâmicas e intervenções terapêuticas”. Em seu estudo, elas observaram que muitas mulheres bem-sucedidas apresentavam uma persistente sensação de inadequação e autossabotagem, apesar de demonstrarem alto desempenho acadêmico e profissional.
A Síndrome da Impostora é mais comum em mulheres?
Embora o fenômeno também afete homens, é mais comum entre as mulheres, possivelmente devido a fatores socioculturais e estereótipos de gênero. Estudos sugerem que isso ocorre devido a fatores socioculturais e estruturais que historicamente desafiaram a presença feminina em posições de poder. Segundo um estudo publicado na Journal of Behavioral Science, cerca de 70% das pessoas experimentarão sentimentos de impostor em algum momento da vida profissional. No entanto, as mulheres enfrentam pressões adicionais, como a necessidade de provar constantemente sua competência em ambientes predominantemente masculinos e o impacto de estereótipos de gênero. Além disso, pesquisas mostram que mulheres são mais propensas a atribuir seu sucesso a fatores externos (sorte, ajuda de terceiros) e seus fracassos a fatores internos (falta de habilidade ou preparo), enquanto os homens tendem a fazer o contrário.
Mesmo pessoas muito bem sucedidas são alvos desse sentimento. Michelle Obama, ex-primeira-dama dos EUA, disse, certa vez: "Eu ainda tenho um pouco daquela síndrome da impostora, e isso nunca desaparece, que você está subindo e alguém vai descobrir: você não é suficientemente boa."
Pesquisas indicam que as mulheres tendem a subestimar suas habilidades e a evitar se candidatar a oportunidades para as quais não atendem a todos os requisitos. Um estudo do LinkedIn de 2018 revelou que as mulheres se candidatam a 20% menos vagas de emprego do que os homens. Além disso, enquanto os homens geralmente se aplicam quando atendem a cerca de 60% dos critérios, as mulheres só o fazem quando cumprem 100% das qualificações exigidas.
Por que é importante identificar esses sentimentos?
A Síndrome pode contribuir para desencadear outros problemas, como transtorno de ansiedade e depressão. Sendo assim, é importante ter atenção a alguns sinais:
Crença de não ser boa o suficiente e sentimento de fraude;
Sensação de não pertencimento ao meio onde se está;
Medo de ser descoberta e culpa por estar “enganando” as pessoas;
Ansiedade pós-sucesso;
Perfeccionismo e baixa auto-estima;
Insegurança ao ser avaliada e medo da comparação;
Dificuldade de receber elogios e de se apropriar do sucesso;
Receio de não conseguir repetir os resultados anteriores.
Impacto da Síndrome da Impostora na liderança
Para mulheres em posições de liderança, a Síndrome da Impostora pode ser particularmente debilitante. A constante dúvida sobre suas capacidades pode levar a:
Tomada de Decisões Hesitante: Medo de errar ou de ser julgada pode resultar em indecisão.
Perfeccionismo Excessivo: Esforço para compensar a sensação de inadequação, levando ao esgotamento.
Evitar Desafios: Recusa de novas oportunidades por medo de não corresponder às expectativas.
Dificuldade em Delegar: Acreditar que precisa fazer tudo sozinha para garantir a qualidade.
Como vencer a Síndrome da Impostora e liderar com confiança
A Síndrome da Impostora faz com que mulheres líderes duvidem da própria competência, mesmo quando têm um histórico de conquistas sólidas. O resultado? Sensação de fraude, autossabotagem e o medo constante de não ser boa o suficiente. Mas essa narrativa pode (e deve!) ser desconstruída.
Se você já se sentiu assim, aqui estão estratégias e práticas reais para superar esse ciclo:
1 - Reconheça e nomeie o sentimento
O primeiro passo é identificar quando os pensamentos de impostora surgem. Toda vez que aquela voz interna disser que você não merece estar onde está, pergunte-se: isso é um fato ou um medo? Nomear o problema é a melhor maneira de começar a enfrentá-lo.
2 - Olhe para as suas evidências
Sua insegurança diminui quando você revisita suas entregas e seu histórico profissional. Pegue seu currículo, relatórios, feedbacks recebidos e perceba: seu sucesso não é sorte, é competência.
Dica prática: Crie um documento com realizações, metas atingidas e reconhecimentos recebidos. Isso será sua "Caixa de Provas", um lembrete de que você é mais do que capaz.
3 - Desafie pensamentos negativos
Ao perceber que está se desvalorizando, questione a verdade desses pensamentos. Substitua frases como:
"Foi só sorte." → "Eu me preparei para isso."
"Qualquer um poderia fazer isso." → "Foi meu esforço e conhecimento que tornaram isso possível."
Treine sua mente para enxergar a realidade, não a insegurança.
4 - Fale consigo como falaria com uma amiga
Se uma colega dissesse que não é boa o suficiente, você reforçaria essa ideia? Provavelmente não! Então, trate-se com a mesma gentileza e respeito.
O que você diria para uma amiga talentosa que estivesse se subestimando? Agora, diga isso para você mesma.
5 - Busque apoio e compartilhe sua experiência
Muitas mulheres enfrentam a Síndrome da Impostora em silêncio. Falar sobre isso com mentores, colegas e outras líderes pode trazer clareza e apoio. Você não está sozinha!
6 - Faça o exercício do "e se fosse um homem?"
Você já deixou de se candidatar a uma vaga ou de aceitar um desafio porque achou que não estava 100% pronta?
Agora pergunte-se: Se eu fosse um homem, com esse mesmo currículo, eu duvidaria da minha capacidade?
Pesquisas mostram que homens se candidatam a uma vaga quando cumprem 60% dos requisitos, enquanto mulheres só aplicam quando cumprem 100%. Esse dado não reflete falta de preparo, mas um padrão de autossabotagem que podemos (e devemos) quebrar.
7 - Aceite o erro como parte do processo
Erro não é sinônimo de incompetência, e sim de aprendizado. Grandes líderes erram, corrigem e seguem em frente. Você também pode!
O medo de errar pode te paralisar ou te impulsionar – a escolha é sua.
A Síndrome da Impostora perde força quando você reconhece sua trajetória, confia no seu talento e se permite crescer sem medo.
Superar a Síndrome da Impostora é um processo contínuo que envolve autoconhecimento, apoio e prática. Ao reconhecer e enfrentar esses sentimentos, as mulheres líderes podem fortalecer sua confiança, tomar decisões mais assertivas e inspirar suas equipes com autenticidade e coragem.
Com amor,
Andresa 🍀